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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 19 de março de 2015

PIEDOSA HOMENAGEM AO GLORIOSO PATRIARCA SÃO JOSÉ.



Nascimento, Pátria, Juventude,
Educação, Virgindade e Santidade
de São José.[1]


O que primeiro se deseja conhecer a respeito de alguma pessoa, são as datas e circunstâncias do nascimento.

Em nossos dias, ao nascer uma criança, registra-se-lhe o nome e sobrenome, o lugar, ano, mês e dia em que nasceu, assim como a condição e procedência dos genitores. O registro é cuidadosamente conservado; por esta razão é facílimo conhecer o nosso nascimento ou o de pessoas nascidas em épocas que nos são próximas. Tal uso porém, nem sempre se praticou. Nos tempos de São José, não se registravam os nascimentos; o seu não foi registrado nem pelos genitores nem por outros; por conseguinte, não deve causar surpresa o fato de não saber-se com exatidão quando sucedeu.

Mas tal nascimento era por demais importante para permanecer no esquecimento. Por isso, o que não fizeram os genitores de São José, fê-lo, ao menos em parte, o próprio Deus, inspirando o evangelista São Mateus a escrever: “Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus Cristo”. Com estas palavras, diz-nos o Evangelho o mais importante a saber-se quanto ao seu nascimento: o nome de seu pai, que foi Jacó ou Tiago: “Jacó gerou José”.

A melhor conciliação de São Lucas, que chama a José filho de Heli, com São Mateus, é a seguinte: Heli e Jacó eram irmãos por parte materna. Tendo Heli morrido sem filhos, Jacó desposou a viúva, da qual teve José, verdadeiro filho de Jacó, descendente de Matan, mas, segundo a lei, filho de Heli.

Segundo a opinião mais provável, São José nasceu em Belém. Prova-o também o Santo Evangelho, ao dizer que o Santo, de conformidade com o decreto de inscrição publicado por Augusto, para ali se dirigiu com a sua Esposa, a fim de inscrever-se nos registros do censo.

Tal decreto ordenava que todo chefe de família se registrasse no lugar de nascimento e não no de origem; de outra forma, todos os hebreus, então dispersos no Império Romano, teriam de emigrar de Roma, das Gálias, da Espanha, etc.; para a Judeia, com notável perda de tempo e com pesadas despesas e aborrecimentos.

Que São José tenha nascido em Belém, confirmam-nos São Gregório de Nissa e, com mais clareza ainda, São João Damasceno, que transmitiu muitas outras notícias a respeito da Sagrada Família. Antes deles, atestara-o São Justino em seu Diálogo com Trifão, dizendo que São José, por ordem de Augusto, subiu de Nazaré a Belém, sua antiga pátria, para registrar-se. Depois, chamaram-no “de Nazaré”, como também se chamou a Jesus de Nazareno, por haverem habitado ali, embora nascidos em Belém.

Segundo os melhores cronologistas da Bíblia, São José nasceu em 713 de Roma, isto é, 34 anos antes do nascimento de Jesus, e contava 33 anos quando desposou a Santíssima Virgem Maria.

A pátria de São José foi a Terra Santa. Circundada ao norte pelos cimos alvejantes do Hermon e quase dividida em duas partes pelo curso do Jordão, estende-se a bela região como ridente oásis entre o Mediterrâneo e o deserto da Síria e Arábia. Diferentíssima pelas numerosas planícies e planaltos, rica de prados e vales fecundos a serpentearem em todas as direções.

Nos tempos de São José, a Galileia era a parte mais ridente do país, com o seu lago encantador, os oásis e sombreadas elevações, entre cujos prados sobressai Nazaré, enquanto a Judeia, de terreno pedregoso e gargantas escarpadas, assumia um aspecto grandioso e, em conjunto, rígido e severo. Possuía esta uma colina central, o Templo, sede de Deus e centro da vida religiosa e política da nação. A pouca distância dali, avistava-se a pobre, mas régia Belém.

A Palestina era justamente uma terra que só Deus podia dar a seu povo eleito entre as antigas nações, digna de oferecer moradia e campo de ação ao Verbo Encarnado. Nazaré, Jerusalém e Belém: eis os três santos lugares onde mais se desenvolveu a vida de São José.

José era de estirpe tão ilustre que não existia outra, no Antigo Testamento, capaz de superá-la. De fato, atestando o Evangelho que José nasceu de Jacó, diz-nos, em primeiro lugar, que pertenceu à tribo de Judá e à estirpe do Rei Davi, do qual distava 24 gerações, ou seja, 24 graus de consanguinidade. A tribo de Judá foi a mais célebre das doze tribos que formaram o povo hebreu. A estirpe de Davi foi o ramo mais glorioso da tribo de Judá; José pertenceu a esta estirpe; portanto, foi por nascimento, não só de sangue real, mas do sangue dos reis mais ilustres do povo hebreu.

O Evangelho, além de atestar que São José nasceu de Jacó, diz-nos que era parente consanguíneo de Maria Santíssima, que veio a ser a sua castíssima Esposa. Maria era efetivamente, como diz o Evangelho, da estirpe do Rei Davi, e portanto, consanguínea de José. Qual o seu grau de consanguinidade com José, não nos diz o Evangelho, razão pela qual não se pode saber com certeza. No entanto, é muito provável fosse a Mãe de Maria irmã de Jacó, e José primo em primeiro grau de Maria. A nós, mais que o grau de parentesco, importa saber que ele foi parente de Maria, o que é certo por resultar do Evangelho.

Finalmente, atestando o Evangelho ter São José nascido de Jacó, diz-nos ter sido parente também de Jesus Cristo considerado como Homem, e ter Jesus Cristo pertencido à estirpe da qual devia nascer o Messias prometido por Deus. E Jesus foi verdadeiro filho de Maria, Maria consanguínea de José, José da tribo de Judá e da estirpe de Davi, portanto, também Jesus Cristo pertenceu a esta tribo, tribo da qual, segundo as profecias, devia nascer o Messias.

Se, para proclamar a fidelidade dos antigos Patriarcas, Deus mesmo achava glória em chamar-se o Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, e muitas vezes louvava, por meio dos Profetas, a santidade de Davi, decerto ninguém, no Antigo Testamento, pode vangloriar-se de descender de estirpe mais ilustre que a de São José. Ele, porém, em vez de vangloriar-se, procurou imitar-lhes as virtudes e em vez de desejar a reconquista do reino de Davi, amou e praticou santamente a pobreza e a humildade, que depois lhe alcançaram, ainda na terra, um tesouro maior que todos os reinos do mundo.

São José nasceu em tempos de imensa angústia para a sua nação. As condições da Judeia (assim se chamava a Terra Prometida depois do cativeiro de Babilônia, pois os hebreus que voltaram pertenciam quase exclusivamente à tribo de Judá), eram bem deploráveis naquele tempo. Toda a nação se achava em discórdia.

Depois da tomada de Jerusalém, Herodes mandara levar ao seu palácio, com o ouro e a prata que tomara dos ricos, tudo quanto achara de precioso, reunindo assim uma grande soma. Mandou matar barbaramente os chefes do partido que lhe era contrário, confiscou-lhes os bens e mais tarde, sempre no desejo de reinar sozinho, mandou matar alguns de seus parentes e filhos, e até sua esposa Mariana e a mãe desta, Alexandra. Eis o homem ambicioso e cruel que, como veremos adiante, na esperança de ferir Jesus Menino, mandara matar barbaramente grande número de crianças inocentes. Mas em vão, porque Jesus, levado nos braços maternos, irá ocultar-se durante algum tempo no Egito, por obra de São José.

Em meio a tantas lágrimas de sua nação, nascera, da estirpe de Davi, São José, a quem pertencia o trono e o cetro de Judá. Cetro que, na ocasião da vinda do Messias, deveria ser tomado e dado a estrangeiros; isso aconteceu justamente no tempo de nosso Santo.

A verdadeira glória do nascimento de São José, foi a sua santificação no seio materno. Não há dúvida, diz Santo Afonso de Ligório, de que, todo dom ou privilégio que Deus concedeu a outro Santo, também o tenha concedido, de preferência, a São José. E assim como Jeremias, no Antigo Testamento, e São João Batista, no Novo, foram santificados antes de nascer, asseveram muitos Santos Padres, com Gerson, Segneri, São Leonardo, Cornélio a Lapide, que também São José teve tal privilégio, foi confirmado na graça e isento do estímulo da concupiscência.

A tal respeito não se pronunciou ainda a Igreja, mas é justo crer em tudo quanto resulta em honra e glória do Santo Patriarca. De fato, se Maria, por ser destinada a Mãe de Jesus, foi preservada do Pecado Original; se o Batista e o Profeta Jeremias, por estarem destinados a preparar o caminho ao Salvador do mundo com a pregação e as profecias, foram santificados, purificados do Pecado Original antes do nascimento, não terá São José, destinado a defensor, custódio e Pai adotivo de Jesus Cristo, recebido também este privilégio? Dá-nos a resposta o pio e douto Gerson, com as palavras pronunciadas no Concílio de Constança, em presença de muitos Bispos: “Pode crer-se piamente que São José foi santificado antes do nascimento”.

Não significa isso que São José tenha sido preservado do Pecado Original como Maria Santíssima; apenas que foi purificado da mácula do pecado antes de nascer. Assim, ao nascer, tinha a alma bela, cândida, santa e cara a Deus.

No especial privilégio concedido a São José, entra unicamente a graça de Deus, mas, se o Senhor condescendeu em favorecê-lo de modo tão notável, comprazer-se-á, sem dúvida, em que o honremos em vista de tal favor. Com alegria, coloquemos pois, na fronte do Glorioso Patriarca a gema de seu nascimento. Sobre esta gema, escrevamos: Foi santificado antes do nascimento; é de sangue real; foi parente de Maria e de Jesus Cristo.

Nos tempos em que nasceu São José, estava prescrita para o povo hebreu a cerimônia da Circuncisão, a qual deviam submeter-se todos os filhos varões, no oitavo dia após o nascimento. Em tal circunstância, impunha-se-lhes o nome e eram agregados ao povo hebreu.

A lei da Circuncisão fora dada por Deus a Abraão em sinal de sua aliança, sendo depois renovada por Moisés. Por sua fé, o povo hebraico, submetido à Circuncisão, recebia a graça da justiça original em virtude dos méritos do futuro Redentor. Também o nosso Santo foi circuncidado no oitavo dia, sendo-lhe imposto o nome de José; nome excelso que significa crescimento, ou filho que cresce.

Atestam diversos e célebres autores que o nome de José lhe foi dado pelos genitores por impulso do próprio Deus, pois Deus, destinando-o a um sublime ofício, quis favorecê-lo de modo particular. Também diz Santo Tomás: “Os nomes impostos por Deus aos homens significam sempre algum dom especial que Ele distribui aos mesmos”.

Sobre a infância de São José, muito pouco nos diz a Sagrada Escritura. Todavia, é certo que, chamado pelo Evangelho “justo” por excelência, levou desde criança uma vida virtuosa e edificante. Muitas circunstâncias, porém, vieram a tornar-se conhecidas pela constante Tradição e por revelações do Céu a almas pias e santas, as quais chegaram depois até nós.

O modo de educar varia segundo os tempos, lugares e condições. Por isso, para conhecer a educação de São José, devemos conhecer os usos dos hebreus nos tempos em que viveu. Não existiam então escolas públicas, e a instrução à juventude era dada pelos genitores na própria casa. Havia, entretanto, em cada cidade, uma escola, chamada Sinagoga, onde se explicava a Escritura.

São José teve dos genitores a instrução literária de seu tempo, e nos dias festivos, isto é, nos sábados, frequentava a Sinagoga de sua cidade, onde aprendeu a História e a verdade da religião.

Entre os hebreus, havia o costume de ensinar um ofício a todos os jovens, qualquer que fosse a sua condição. Para José o trabalho era uma necessidade, razão pela qual, chegando à idade de doze anos, entrou como aprendiz na oficina de um carpinteiro, onde aprendeu o fatigante ofício que depois exerceu por toda a vida.

Muitos escritores, baseando-se nas revelações, dizem que foi dotado de muita inteligência, rico de ciência religiosa e muito experimentado no exercício de sua arte. José era piedoso e bom, sua figura nobre e atraente, o porte digno e suave, o semblante belíssimo, parecido ao de Jesus, o mais belo que se viu entre os filhos dos homens.

Assegura-nos, porém, a história que o Senhor não permitiu que alguns de seus diletos sentissem a brutal inclinação sexual. De Santo Tomás de Aquino, sabemos que, logo após uma vitória alcançada contra a impureza, foi cingido pelos Anjos e desde então não sentiu mais tentação alguma no corpo. De São Luís se acredita tenha sido preservado deste gênero de perigos contra a santa pureza. O mesmo se assegura de muitos outros santos. Portanto, se o Senhor se dignou conceder tal privilégio a muitos Santos, não o teria concedido também a São José, santificado antes do nascimento, destinado a Esposo da Rainha das Virgens, Custódio de Jesus, Cordeiro sem mácula que acha suas delícias em apascentar-se entre os lírios?

Ao favor de não se achar sujeito a tentações impuras, São José correspondeu entregando-se inteiramente a Deus, desde criança. O Senhor antecipara a santificação de sua alma e lhe colocara no coração grande afeição à pureza: Libertara-o da inclinação ao vício contrário a essa virtude, e ele deu-se inteiramente a Deus. A Ele consagrou os pensamentos da mente, os afetos do coração, a alma, o corpo, toda a vida e consagrou-se a Deus, segundo se crê, com o voto de perpétua virgindade, até então desconhecido e que forma justamente a primeira glória de sua juventude e de sua vida.

O Evangelho nada nos diz sobre este voto. Mas a Igreja, como escreve São Pedro Damião, sempre julgou assim, isto é, tenha permanecido sempre virgem não só Maria, Mãe de Jesus, mas também São José, seu pai adotivo. Diz Santo Tomás de Aquino não podia ser de outra maneira, pois: “Assim como Jesus Cristo escolheu um virgem, São João Evangelista, para, da Cruz, confiar-lhe a sua Mãe, não podia tão pouco deixar de escolher um homem virgem para ser-lhe o castíssimo Esposo”.

São José observou o voto de perpétua castidade e a virtude da pureza por toda a vida. Na infância, na juventude e na virilidade, foi sempre tão reservado nos olhares, nas palavras, no tato, nos pensamentos, nas imaginações, nos afetos, nos desejos, foi tão casto e puro de mente, coração e corpo, que Santo Agostinho não hesitou em comparar-lhe o candor virginal com o de Maria Santíssima e de chamá-lo igual. Diz ele: “José tem, com Maria, igual virgindade”. Chamou-o Cornélio a Lapide: “Mais anjo que homem”; e São Francisco de Sales escreve a seu respeito: “São José ultrapassou, na pureza, os Anjos da mais alta hierarquia”.

Como nasceu em São José o desejo de permanecer virgem, só se pode explicar admitindo um impulso interior da graça, que lhe fizera conceber elevada estima dessa virtude, chegando ao ponto de renunciar ao Matrimônio e, portanto, à esperança de ser o genitor do futuro Messias.

Justamente no instante em que todos esperavam o nascimento do Redentor, São José, por amor da virgindade e por um sentimento de humildade, renuncia ao Matrimônio e resolve permanecer virgem por toda a vida.

Deus aceita o seu heroico sacrifício e, como prêmio, fá-lo Esposo virginal de Maria e pai adotivo de seu divino Filho. E assim São José com Maria, primeiro exemplo em toda a história do mundo, une o estado virginal ao conjugal, tornando de tal maneira mais esplêndida a sua virgindade, mais divino o seu Matrimônio.

Não obstante ter sido São José confirmado por Deus na graça e ter recebido muitos outros favores celestes, todavia, não deixou jamais de desconfiar de si mesmo. Sua virtude, embora superior a todos os perigos, temia até os mais leves perigos; seu coração não se julgava seguro, senão fugindo de toda aparência de mal.

Os Santos Doutores admiram o seu silêncio, como se receasse intemperança em sua língua. Recordam a sua aplicação no trabalho, como se o ócio lhe fosse um perigo; louvam o seu amor à solidão, como se o ar do mundo lhe pudesse macular a virtude. Diz São Jerônimo: “José mereceu o nome de ‘Justo’, porque possuía de modo perfeito todas as virtudes”.

Estes Santos, com tais expressões, testemunham a própria persuasão de que São José passou a vida, não só afastado de toda desonestidade, mas também de que jamais lhe passou pela mente algum pensamento e pelo coração algum afeto que fosse menos puro e casto.

Diz Suarez: “Se o Senhor, tanto se compraz nos corações virgens que acha suas delícias em habitar com eles, quanto não se terá comprazido no coração de São José, que foi dos primeiros a amar e cultivar a virtude da pureza, e com tanta perfeição a cultivou que foi chamado ‘um anjo em carne’! Certamente, seu coração foi um ameno jardim de delícias aos olhos do Senhor e, antes de nascer Maria, foi o mais caro de todos, justamente por ser virgem”.

No Evangelho, lê-se que São José, ao desposar Maria Santíssima, era um homem justo. São Jerônimo, explicando essa palavra, justo, diz que o Senhor ordenou chamar José com tal nome, não somente por possuir a virtude da justiça, mas por possuir todas as virtudes e de modo perfeito. Resulta, portanto, do Evangelho, que São José, aos 33 anos de idade, isto é, quando desposou Maria, era um homem perfeito em todas as virtudes, era um Santo.

Ensina o Espírito Santo e confirma-o a experiência que, na santidade e na perfeição, procede-se aos poucos e ninguém se torna santo num instante. Ora, na idade de 33 anos, São José era perfeito em todas as virtudes; significa isso que estabeleceu os fundamentos de sua santidade e iniciou a prática das virtudes desde menino.

Está escrito, por ordem do Espírito Santo, que o jovem, tendo tomado o seu caminho, dele não se afasta nem quando velho. Isto é, quem é bom e virtuoso na juventude, será bom e virtuoso também na velhice. Ora, Deus proclamou a São José santo na virilidade e na idade avançada, portanto, foi bom e santo desde a juventude.

Escolhido para Esposo de Maria, devemos crer que era o jovem mais rico de virtudes, o mais santo. Realmente, diz o Espírito Santo que, a um jovem santo, será dada, em prêmio de suas boas obras, uma esposa santa. Maria, Esposa de São José, foi a mais perfeita, a mais santa de todas as donzelas; por essa razão, tendo Deus escolhido São José para seu Esposo, significa ter sido ele o mais santo de todos os jovens, porque sua Esposa era a mais santa de todas as jovens. Assim como, se houvesse uma jovem mais santa que Maria, seria ela e não Maria, a eleita para Mãe de Jesus, assim, se houvesse jovem mais santo, mais perfeito que José, seria ele e não José o escolhido para Esposo de Maria. Podemos, portanto, deduzir da santidade de Maria, por Deus destinada a ser a Esposa de José, que este Santo passou a juventude caminhando sempre na vida da perfeição, e foi na santidade, muito semelhante a Maria.

Se considerarmos, pois, que cada pessoa tem uma vocação determinada por Deus, ou seja, que Ele, no ato de dar existência a uma pessoa, destina-a para determinado ofício; por exemplo, destina um para lavrar a terra, outro para ser seu ministro e outro ainda para exercer a medicina; que Deus, no ato de destinar uma pessoa para determinado ofício, dá-lhe também os auxílios especiais necessários para desempenhar os deveres inerentes ao mesmo, devemos concluir que muito grande deve ter sido a santidade do castíssimo Esposo de Maria, depositário dos tesouros de Deus Padre, representante do Espírito Santo, defensor e custódio de Jesus.

E foi justamente em vista de tal verdade que São Bernardo diz de São José: “De sua vocação, considerai a multiplicidade, a excelência, a sublimidade dos dons sobrenaturais com que foi enriquecido por Deus”.

Sendo, pois, certo que o Senhor enriqueceu São José com dons proporcionados à missão para a qual o destinara; que a sua missão era a mais sublime a poder existir sobre a terra e requeria muita santidade; que a correspondência de São José aos divinos favores foi perfeita, deve concluir-se que passou santamente toda a juventude.

De quanto temos dito, podemos concluir: São José, antes de desposar Maria, foi modelo da juventude por sua docilidade, obediência e respeito; foi de grande consolação para seus genitores com o retiro, silêncio e reserva nas palavras e nos olhares; com sua atitude edificava a quantos o observavam. Trabalhava para ganhar a vida, mas no trabalho tinha em vista a glória de Deus. Para Ele achavam-se voltados sua mente e seu coração. Sua vida era um entrelaçado das mais santas ações, palavras, pensamentos e afetos, um entrelaçado de todas as virtudes.

Uma Carta a São José[2]

Resultado de imagem para Imagens de São JoséEm fins do século XVII, no nobre e miserável arrabalde de Viena, chamado Laimgrube, que se tornou mais tarde um dos mais ricos da capital da Áustria, vivia em uma mísera cabana o célebre músico Paulo Merten, em companhia de sua filha Josefina, de dezesseis anos, muito hábil na arte do bordado. As últimas guerras, sustentadas pelos vienenses contra os turcos, os haviam empobrecido. Merten e sua filha, ficando sem trabalho, iam muitas vezes para a cama com frio e em jejum.

Um dia em que a sua miséria parecia chegada ao cúmulo, Josefina, não podendo mais contemplar o desfalecimento e aflição do pai, disse-lhe:

– Pai, deixa que eu vá procurar um emprego, assim poderei enviar-te os meus lucros. – Mas ele respondeu:

– Queres também deixar-me, ó filha minha? Quem então me assistirá? Não, jamais permitirei.

– Mas, caro pai – replicou Josefina – já não tenho outro meio para auxiliar-te; algum tempo atrás escrevi ao marido da madrinha, recentemente falecida, e até agora não recebi resposta alguma.

– Não é para admirar – respondeu o pai, – é o mesmo que ter escrito ao Diabo.

O pobre Paulo Merten, fora de si com as privações sofridas, não sabia mais o que dizer.

– Ó meu pai! Que sombrios pensamentos te dá a miséria! Exclamou a menina, com as lágrimas nos olhos. – Antes, encomendemo-nos ao caro Padroeiro São José, para que nos alcance do Senhor auxílio e emprego.

– Julgas na verdade – replicou o pai com amargura – que o pobre Carpinteiro tenha tanto poder no Céu? Pois bem, escreve-lhe, se te agrada, e veremos que proveito terás.

– São José é poderosíssimo no Céu – respondeu suavemente Josefina, – escrever-lhe-ei e a minha rolinha branca, à qual não posso dar hoje nem uma migalha de pão, servir-me-á de mensageiro. – Assim dizendo, sentou-se à mesinha de seu pai, e em uma folha de papel escreveu a seguinte mensagem:

“Deus Te salve, José! Tem piedade de nós em nossa grande aflição. Não temos trabalho nem meio de subsistência; pede a Nosso Senhor me faça encontrar um emprego, pois meu pai está passando fome. Tua fiel Josefina Merten, costureira, filha do músico. Laimgrube, Rua Maria Helfer, número 13”.

Isto feito, dobrou a cartinha, prendeu-a ao pescoço da rolinha, e esta logo alçou o voo. Passara-se apenas uma hora, e eis um elegante senhor batendo à porta do senhor Merten.

– Mora aqui a senhorinha Merten?

– Sim, senhor – respondeu bruscamente o pai, lançando ao visitante um olhar perscrutador. – Que deseja?

– Chamo-me José Carlos Hirte, e sou um joalheiro desta cidade. Moro aqui perto e recebi uma mensagem de São José de quem sou muito devoto. Venho em seu nome para responder à carta que lhe foi escrita por vossa filha. Tenho muito trabalho e esta menina poderá fazê-lo. Além disso, ingressei no coro da Igreja dos Carmelitas e necessito de lições para aperfeiçoar-me. Quereis aceitar a incumbência?

– Oh, com muito prazer! – exclamaram Josefina e seu pai.

– Bem! – continuou o senhor Hirte, – por enquanto, aceitai esta oferta – e, assim dizendo, colocou cinco ducados na mesinha.

– Ó pai, – exclamou a menina – vês com quanta bondade recebeu São José a minha carta? Como faremos para agradecer-lhe?

– É assim, senhorinha, – acrescentou o senhor Hirte; – fazei sempre assim e jamais estareis sem auxílio. Enviar-vos-ei por meu empregado todo o necessário para o trabalho e espero tornar a ver-vos em breve. E vós, senhor, quereis vir amanhã à minha casa para iniciar as lições? Eis o meu endereço: não é possível extraviar-se, pois na fachada da casa está pintada uma grande imagem de São José.

Dito isto, saudou-os e despediu-se.

De que modo acontecera esse inesperado socorro? É fácil explicá-lo. A rolinha, enfraquecida pelo longo jejum e cansada por motivo do insólito peso, não pudera voar muito longe, e procurou refúgio em um lugar próximo. Quis o acaso, ou melhor, estabeleceu a Providência de Deus, que a rolinha entrasse pela janela aberta de um quarto onde se achava o senhor Hirte, que, podem todos imaginar, surpreendeu-se ao ver o inesperado hóspede com uma cartinha ao pescoço. Tomando a misteriosa carta, leu-a e, comovido pela confiança daquela menina, resolvera atendê-la.

Algum tempo depois, o rico comerciante, em vista das boas qualidades de Josefina, pediu-a em casamento; e assim aconteceu que a pobre Josefina Merten se tornou a honrada e estimada senhora Hirte. Esta, em sinal de gratidão a São José, mandou executar uma belíssima pintura na casa onde vivera na pobreza; perene testemunho do poder do glorioso Patriarca.

Oração a São José
para todo gênero de necessidades[3]

Resultado de imagem para Imagens de São JoséQuanto é grande a consolação que experimento, ó meu amável e poderoso protetor, ouvindo dizer à vossa fiel serva Santa Teresa, que nunca vos invocou em vão e que todos aqueles que vos tem verdadeira devoção, e reclamam o vosso socorro com inteira confiança, sempre são atendidos! Animado eu, pois, com esta confiança a vós recorro, ó digno Esposo da Rainha das Virgens, a vossos pés me acolho e como pecador que sou, tremendo ouso aparecer diante de vós. Ah! Pelo glorioso título de Pai de Jesus que tanto vos honrou, não rejeiteis as minhas súplicas, pelo contrário, dignai-vos ouvi-las e deferi-las favoravelmente, e intercedei em meu favor para com Aquele que quis ser chamado Filho vosso, e que vos obedeceu na terra como seu Pai. Amém.

Jaculatórias indulgenciadas[4]

O Santo Padre Pio VII pelo Rescrito de 28 de Abril de 1807 concede perpetuamente 300 dias de indulgências, aplicáveis às Almas do Purgatório, àqueles que recitarem com o coração contrito as três seguintes jaculatórias:

Amado Jesus, José e Maria, o meu coração vos dou e a minha alma.
Amado Jesus, José e Maria, assisti-me na última agonia.
Amado Jesus, José e Maria, expire em paz entre Vós a minha alma.


_________________________

[1] Pe. Tarcísio M. Ravina, da Pia Sociedade de São Paulo, “São José – Na Vida de Jesus Cristo, na vida da Igreja, no Antigo Testamento, no Ensino dos Papas, na Devoção dos Fiéis, nas Manifestações Milagrosas”, 1ª Parte, PP. 9 – 21; Edições Paulinas, Recife, 1954.

[2] Pe. Tarcísio M. Ravina, ob. cit., pp. 210 – 212.

[3] Por um Padre da Congregação das Missões, “Manual das Missões e Devocionário Popular”, p. 433; 1908.

[4] Por um Padre da Congregação das Missões, ob. cit., p. 434.

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